Usuários windous* estão sofrendo Síndrome de Estocolmo
Quando a auto-ilusão é uma estratégia de sobrevivência do refém.
Após algum tempo observando surpreendentes e chocantes declarações de usuários windows* como:
Os computadores estão muito bem. Só há o detalhe que duas vezes por dia a gente tenha de parar a empresa por 20 minutos, bem no meio do expediente e no pico de movimento, para reconstruir o banco de dados e reiniciar a rede. Se não fizermos, corrompe tudo e tem de restaurar do backup.
Tirando o fato de que não podemos usar mais de 25 ao mesmo tempo, senão trava tudo e perde os dados, é ótimo.
Deixando de lado as invasões e vírus, é muito seguro.
De vez em quando perco os arquivos de meu trabalho. Mas é a vida. Saudade da minha máquina de escrever.
É só reformatar e reinstalar tudo de novo e achar as cópias dos meus trabalhos que posso voltar a trabalhar. Pela terceira vez este ano, mas computador é assim mesmo.
É muito bom. Muito bonito. Apenas tive de pagar $$$ por uma máquina bem mais potente para poder fazer o que eu já fazia na versão anterior.
É um excelente suporte técnico. A gente tem de sempre reiniciar ou reformatar e reinstalar tudo, mas eles sempre ajudam e não cobram tão caro assim.
Comecei a ver algum traço emocional comum nessas histórias tristes.
Os usuários uindous* estão reféns e sofrendo com a Síndrome de Estocolmo.
Notei alguns elementos básicos que fundamentam esta constatação. Claro que agradeceria comentários de psicólogos diretamente abaixo (precisa estar cadastrado no quadro do lado direito).
São os elementos:
Desequilíbrio de poder
Para haver refém, deve haver um desequilíbrio de poder grande e um regime de opressão no controle de decisões e ações.
Voluntária ou involuntáriamente, o refém delegou ou ficou sob o controle de outrem.
As decisões são tomadas por outrem, em equilíbrio de benefícios desvantajoso para uma das partes, o refém.
Sutil ou explicitamente.
Se for terrivelmente desvantajoso, configura-se a opressão.
Os problemas ficam com a vítima e as maiores vantagens com o esperto.
Este tema já abordei no artigo "quem tem o controle" no quadro em destaque.
Culpa
Por observação empírica, praticamente 95% das pessoas tem relações influenciadas pela culpa.
Hábeis aproveitadores tiram proveito dessa característica para manipular as emoções da vítima.
Assim, a vítima acaba se convencendo de que tem parcela considerável de culpa nos problemas que enfrenta.
Por exemplo, acredita que o sistema trava por sua culpa, que as invasões, vírus e programas espiões são sua culpa. E que por isso ela deve gastar ainda mais em soluções paliativas.
A culpa assumida, conjugada com a impotência, leva ao conformismo e acomodação com a situação.
Por exemplo, veja algumas das citações no início do artigo.
Eu que decidi por isso e agora vou ter de morrer abraçado. Chefe nunca volta atrás. Se o diretor fica sabendo, estarei na rua.
Quando cheguei, já era assim. Então, sempre foi e sempre será desse jeito. Só trabalho aqui.
Muitos sistemas proprietários acabam sendo "carregados" como um problema legado em vez de solução. Ironicamente, o ciclo M$ se iniciou com a proposta de resolver esse impasse e com custo menor...
Impotência
O sentimento de impotência objetiva é resultado da falta de conhecimento, informação sobre possíveis soluções.
A sensação de impotência subjetiva é resultado de distorção de conhecimento, desinformação, sobre possíveis soluções.
A pessoa se percebe aniquilada, subjugada, em uma situação e não consegue vislumbrar uma saída.
Mesmo que esteja à sua frente.
A desinformação é um processo intencional do opressor, para subjugar sua vítima.
Por exemplo, o FUD, medo, incerteza e dúvida.
Medo
Reféns logo ficam com medo de retaliações em reação a suas tentativas de fuga.
Quanto mais reais forem as possibilidades de fuga, maiores podem ser as retaliações.
Também podem ficar com medo de que os possíveis libertadores / salvadores, não tenham competência para a tarefa e acabem matando o refém ou provocando a ira do opressor.
Por exemplo, perda de descontos, aumento de custos de suporte, maior tempo para atendimento de necessidades.
Convivência prolongada
Pode levar a uma aproximação com o opressor, visando conquistar sua confiança, até afeto, para uma melhor chance de sobrevivência.
Se aproxima de seus valores, objetivos, motivações, desenvolvendo identificação (mútua se o opressor também se aproximar).
Numa situação de elevado estresse, a vítima pode sucumbir à própria tentativa de manipulação de realidade e imergir nessa ilusão, crendo na própria fantasia.
Assim a vítima, apesar de espoliada, perder o controle sobre o próprio destino, sofrer prejuízos variados, ainda termina por defender seu opressor e até adotar os valores dele.
E daí? Windows paga minhas contas.
Azar que dê tantos problemas. O diretor viu num programa de tv que é a melhor solução e me paga para fazer isso.
Enquanto der tantos problemas, tenho trabalho garantido.
Qual a solução para essa situação?
Os computadores estão muito bem. Só há o detalhe que duas vezes por dia a gente tenha de parar a empresa por 20 minutos, bem no meio do expediente e no pico de movimento, para reconstruir o banco de dados e reiniciar a rede. Se não fizermos, corrompe tudo e tem de restaurar do backup.
Tirando o fato de que não podemos usar mais de 25 ao mesmo tempo, senão trava tudo e perde os dados, é ótimo.
Deixando de lado as invasões e vírus, é muito seguro.
De vez em quando perco os arquivos de meu trabalho. Mas é a vida. Saudade da minha máquina de escrever.
É só reformatar e reinstalar tudo de novo e achar as cópias dos meus trabalhos que posso voltar a trabalhar. Pela terceira vez este ano, mas computador é assim mesmo.
É muito bom. Muito bonito. Apenas tive de pagar $$$ por uma máquina bem mais potente para poder fazer o que eu já fazia na versão anterior.
É um excelente suporte técnico. A gente tem de sempre reiniciar ou reformatar e reinstalar tudo, mas eles sempre ajudam e não cobram tão caro assim.
Comecei a ver algum traço emocional comum nessas histórias tristes.
Os usuários uindous* estão reféns e sofrendo com a Síndrome de Estocolmo.
Notei alguns elementos básicos que fundamentam esta constatação. Claro que agradeceria comentários de psicólogos diretamente abaixo (precisa estar cadastrado no quadro do lado direito).
São os elementos:
- desequilíbrio de poder
- opressão
- culpa
- manipulação
- conformismo
- impotência
- objetiva
- subjetiva
- medo
- retaliações
- incompetência de soluções alternativas
- convivência prolongada
Desequilíbrio de poder
Para haver refém, deve haver um desequilíbrio de poder grande e um regime de opressão no controle de decisões e ações.
Voluntária ou involuntáriamente, o refém delegou ou ficou sob o controle de outrem.
As decisões são tomadas por outrem, em equilíbrio de benefícios desvantajoso para uma das partes, o refém.
Sutil ou explicitamente.
Se for terrivelmente desvantajoso, configura-se a opressão.
Os problemas ficam com a vítima e as maiores vantagens com o esperto.
Este tema já abordei no artigo "quem tem o controle" no quadro em destaque.
Culpa
Por observação empírica, praticamente 95% das pessoas tem relações influenciadas pela culpa.
Hábeis aproveitadores tiram proveito dessa característica para manipular as emoções da vítima.
Assim, a vítima acaba se convencendo de que tem parcela considerável de culpa nos problemas que enfrenta.
Por exemplo, acredita que o sistema trava por sua culpa, que as invasões, vírus e programas espiões são sua culpa. E que por isso ela deve gastar ainda mais em soluções paliativas.
A culpa assumida, conjugada com a impotência, leva ao conformismo e acomodação com a situação.
Por exemplo, veja algumas das citações no início do artigo.
Eu que decidi por isso e agora vou ter de morrer abraçado. Chefe nunca volta atrás. Se o diretor fica sabendo, estarei na rua.
Quando cheguei, já era assim. Então, sempre foi e sempre será desse jeito. Só trabalho aqui.
Muitos sistemas proprietários acabam sendo "carregados" como um problema legado em vez de solução. Ironicamente, o ciclo M$ se iniciou com a proposta de resolver esse impasse e com custo menor...
Impotência
O sentimento de impotência objetiva é resultado da falta de conhecimento, informação sobre possíveis soluções.
A sensação de impotência subjetiva é resultado de distorção de conhecimento, desinformação, sobre possíveis soluções.
A pessoa se percebe aniquilada, subjugada, em uma situação e não consegue vislumbrar uma saída.
Mesmo que esteja à sua frente.
A desinformação é um processo intencional do opressor, para subjugar sua vítima.
Por exemplo, o FUD, medo, incerteza e dúvida.
Medo
Reféns logo ficam com medo de retaliações em reação a suas tentativas de fuga.
Quanto mais reais forem as possibilidades de fuga, maiores podem ser as retaliações.
Também podem ficar com medo de que os possíveis libertadores / salvadores, não tenham competência para a tarefa e acabem matando o refém ou provocando a ira do opressor.
Por exemplo, perda de descontos, aumento de custos de suporte, maior tempo para atendimento de necessidades.
Convivência prolongada
Pode levar a uma aproximação com o opressor, visando conquistar sua confiança, até afeto, para uma melhor chance de sobrevivência.
Se aproxima de seus valores, objetivos, motivações, desenvolvendo identificação (mútua se o opressor também se aproximar).
Numa situação de elevado estresse, a vítima pode sucumbir à própria tentativa de manipulação de realidade e imergir nessa ilusão, crendo na própria fantasia.
Assim a vítima, apesar de espoliada, perder o controle sobre o próprio destino, sofrer prejuízos variados, ainda termina por defender seu opressor e até adotar os valores dele.
E daí? Windows paga minhas contas.
Azar que dê tantos problemas. O diretor viu num programa de tv que é a melhor solução e me paga para fazer isso.
Enquanto der tantos problemas, tenho trabalho garantido.
Qual a solução para essa situação?
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